terça-feira, 13 de setembro de 2011

Este assento nao é seu nem por 1 minuto.

Sou super fã confessa das campanhas educativas, porque acho que só pela insistência certas civilidades entram na cabeça do povo.

Agora é a vez dos portadores de necessidades especiais inundarem o You Tube com vídeos mostrando a importância de se respeitar as vagas destinadas a eles nos estacionamentos. Justíssimo, porque, de fato, elas não são nossas, nem por uma fração de minuto.

Cada um tem sua bandeira e outra que eu acho que deveria urgentemente ser empunhada é a do respeito aos idosos nos ônibus. Nos estacionamentos, sempre olhamos ao redor e vemos uma ou duas vagas de idosos vazias. Não conheço a estatística de quantos idosos dirigem, talvez sejam poucos, talvez peguem um maior número de carona que saiam em seus próprios carros.

Já o número de idosos que andam de bondão, isso conheço bem. É grande.

Num destes ônibus normais de Curitiba, de uma vagão apenas, há em média seis assentos destinados aos velhinhos. Num ônibus menor, há normalmente quatro. Nos biarticulados há seis por vagão, em média. Como estes assentos estão sempre cheios, suponho que haja mais idosos que assentos especiais.

Curioso é que, se um idoso entra num estacionamento e percebe que todas as vagas especiais estão ocupadas, ele não hesita em parar seu carro numa vaga normal. Por que será que então, num ônibus, quando todos os assentos de idosos estão ocupados, ele hesita em sentar num outro qualquer?

Mayra boba, a resposta é clara: porque nos outros lugares estão indolentes e insolentes jovens, sentados como se tivessem voltado da guerra, dormindo, ou cochilando, ou fazendo cara de dor, ou hiperfocados em olhar para a frente, absortos em suas próprias ilusões de saúde eterna.

Que velhinho teria coragem de lhes pedir um lugar?

Certa vez, eu contei nove velhinhos num ônibus. Como havia apenas seis assentos especiais, sobravam três em pé e ninguém para lhes oferecer um lugar. Aquilo me deixou indignada mas, como eles, temo pedir uma vaga e ser mal-tratada pelos jovens que, aliás, estão se acostumando a ter um pouco mais de idade do que eu.

A vingança perfeita seria um deles descer no ponto ao lado de uma velhinha queixando-se da dor que ficou no joelho de fazer a viagem em pé e descobrir que aquela velhinha era, na verdade, sua avó, que ele não reconheceu de bate-pronto porque dormia com a cabeça encostada no vidro, fechado em seus óculos escuros, babando um chiclete parado dentro da boca e surdo ao mundo devido a fones de ouvido.

Na próxima vez que você vir um idoso no ônibus, lembre-se de que lhe daria seu lugar se ele fosse seu avô. Ou pense que ele pode ser o avô do futuro amor de sua vida, do seu futuro patrão, ou do futuro médico que irá atendê-lo quando você mesmo estiver se queixando de dor. É sempre fundamental tratar bem um avô.

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BTW, veja este video sobre a campanha educativa Esta Vaga Não É Sua Nem Por 1 Minuto.

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