sábado, 26 de abril de 2008

Quando aquilo que comemos nos torna grupo minoritário

Eu, meu marido e meus filhos somos vegetarianos há oito anos. Meus filhos, desde que nasceram. Apenas recentemente comecei a ensinar meu menino mais velho, que tem quatro anos, que há pessoas que comem animais. Sempre digo a ele que nós somos "amigos dos animais" e é por isso que não comemos bichinho. Parte desta história ele entende e, evidentemente, porque ainda é muito novo, parte não entende.

Meses atrás, para fazê-lo compreender o que é comer um animal, parei em frente à seção de peixes do Wal-Mart e lhe disse que ali estavam os peixes, mas que estavam mortos, e que era isso que algumas pessoas comiam. Como qualquer criança, ele se assustou - porque a morte é assustadora -, chorou e pediu para ir embora. Suponho que esta imagem tenha ficado gravada no seu inconsciente e que ele a recupere quando começar a se dar motivos para continuar sendo vegetariano.

Mas, além do vegetarianismo, existem outros cuidados com a alimentação de meus filhos: eles comem alimentos integrais, quase nada de açúcar branco, pouco açúcar mascavo, comem mel, pão integral, algum arroz integral, não comem fritura, não comem normalmente óleo de cozinha refinado, não comem margarina, não comem industrializados com gordura trans; aliás, comem pouca comida industrializada, alimentando-se mais de vegetais e frutas frescas.

Por conta de nossa dieta, costumamos enxergar o que é ou não nutritivo de maneira bem diferente da maior parte das pessoas cuja dieta seja onívora. Por exemplo, não achamos que comer frango grelhado seja saudável, muito menos que bife, arroz, feijão, batata e salada o seja também. Não achamos margarina saudável, nem leite de vaca. Para nós, um bolo gostoso é um bolo vegano, feito com farinha integral e açúcar mascavo, meio amarguinho. E se as crianças passam um dia comendo apenas "besteirinhas" na rua (sim, isso acontece também), chegando em casa não queremos que eles tomem leite, mas que comam qualquer fruta crua ou um suco fresco.

E ainda temos uma preocupação com relação ao consumo de certos alimentos funcionais, como óleo de coco ou babaçu, óleo de linhaça e óleo de gergelim. Castanhas, tofu, a própria linhaça. Os grãos, como lentilha, ervilha, grão-de-bico, feijão. Fora os verdes-escuros.

Por todo este zelo - alguns diriam, por toda esta chatice - comer fora de casa é bem difícil e a ida dos meninos pra escolinha - onde convivem com os amiguinhos que comem carne - está rendendendo alguns malabarismos. Meus filhos, entre seus amiguinhos, são "minoria" e, como tal, precisamos enfrentar alguns preconceitos e desinformações. Meus meninos precisam conviver com o que as pessoas acham natural, normal e eu preciso explicar a eles que não é quando chegam em casa.

Isso ocorre, por exemplo, nas aulas de culinária. Dia destes, meu menino mais velho chegou com uma bisnaguinha de cachorro-quente. Estava todo feliz que tinha feito cachorro-quente na escola. "Mas o que é cachorro-quente, mamãe?" Felizmente, há salsicha de soja pra eu preparar um cachorro-quente em casa e lhe mostrar o que é que seus amiguinhos comeram na aula de culinária que ele não pôde comer. Mas como eu poderia ter pedido à professora para não dar a bisnaguinha cheia de gordura vegetal trans? E como eu poderia explicar ao colégio que não quero que meu filho manuseie a salsicha, mesmo que não a coma, porque não quero que ele ache divertido brincar de cozinhar um animal morto?

Festinha de aniverário também é problema. Além das crianças comerem bolo (açúcar e margarina), comem bolinha de queijo. Se ainda as professoras controlam a quantidade de bolo dada às crianças - já que existe um consenso de que açúcar não faz bem -, como explicar a elas que na maior parte das bolinhas de queijo vai caldo de carne e que por isso meu filho só come bolinha de queijo em casa ou quando eu encomendo a alguma confeitaria de minha confiança? Naquele dia, eu só soube que ele comeu bolinha de queijo quando ele chegou em casa...

E chegou em casa com uma saquinho cheio de doces, cheio de balas de morango. Algumas ele já tinha comido na escolinha e elas continham corantes feitos de insetos e corantes que induzem à hiperatividade. "Será que ninguém sabe disso? - eu perguntei ao meu marido, jogando fora algumas balas do saquinho de meu filho.

E vem outra festinha de escola e fico sabendo - apenas por acaso - que a mãe da aniversariante trouxe gelatina. Mas eu poderia nem ter sabido e daí não teria explicado à professora que a gelatina é feita de animal. Mas e as outras gelatinas que ele comeu e eu nem soube?

Finalmente, as crianças voltam de casa com a lembrancinha de Páscoa. Além do chocolate, que não contém bons ingredientes, que não é amargo, que contém gordura trans - voltam com a missão de descreverem o que a Páscoa significa pra elas. Mas não significa nada além de comer doces, porque não seguimos nenhuma religião cristã. Me pergunto por que as pessoas não pensam nisso, de que há pessoas diferentes? E a razão é que não pensamos nas minorias. Aliás, não pensamos em quase nada que não tenha como referência nós mesmos.

Quando eu era criança, estudando em colégio católico, ensinavam-nos muito sobre o preconceito contra negros, mulheres, idosos e portadores de deficiência. Mas nunca tinham nos falado de preconceito contra pessoas com dietas minoritárias nem com crenças laicas. Aliás, nem havia este termo - dietas minoritárias. O meio-ambiente era melhor, a alimentação não era tão aditivada e pronta e nossa saúde era mais forte.

Creio que hoje, quando o vegetarianismo aparece como uma das mais importantes ações ecológicas viáveis para o planeta Terra - precisamos esclarecer amplamente as pessoas sobre uma dieta sem carne. Comer carne não deveria mais ser encarado como algo natural, assim como deixou de ser natural a escravidão de negros e as mulheres não poderem votar.

Gostaria que, numa próxima festa de aniversário na escola, houvesse a preocupação de oferecer opção vegetariana e vegana às crianças, tanto quanto hoje se oferece atendimento prioritário a um idoso, gestante ou cadeirante. Por uma questão de gentileza, respeito pelas diferenças e consciência ambiental.

Por amor à vida.

Abraços veggies!

Mayra C. Castro

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Perfis anônimos, pseudos-perfis na web - eu acho esquisito, e você?

Quando tomei a decisão de entrar nas redes sociais da web, como Orkut, MySpace, Flickr, etc., tinha bem claro para mim a utilidade destas ferramentas: fazer novos contatos, criar maneiras alternativas de me comunicar com as pessoas que compartilham os mesmos interesses que eu e abrir mais uma via de acesso do Navrattna Yoga às pessoas.

 

Então, caí na rede. Tenho entrado diariamente nos mais diversos portais para postar comentários, avisar de eventos promovidos em nossos estúdios de yoga e para achar informações interessantes. Eu já estava avisada, reavisada e triavisada sobre a invasão de privacidade, sobre a exposição que nossa vida pode sofrer nestas comunidades e sobre todos os riscos alardeados da gente colocar nossa opinião à mercê de um clique no mouse. Pessoas mais experientes até me sugeriram criar um user pseudônimo, com o qual eu poderia me comunicar nas redes sociais, sem me expor tanto.

 

Tenho que confessar: acho esquisito pacas este tipo de coisa, ocultar-se atrás de um falso ID.

 

Satya - a verdade - é um dos yamas mais enfatizados no Yoga.

 

Dia após dia entro e saio de fóruns onde mensagens anônimas são postadas. Toda hora vejo visitas ao meu perfil de pessoas que não se identificam. Simplesmente não entendo... Ou melhor, entendo bem, porque até votações importantes no Senado e na Câmara também são feitas no escuro, sob o véu do anonimato.

 

A web 2.0 traz o risco da ignorância e da mentira. Já vi links da Wikipedia com conteúdos totalmente falsos, criados unicamente com a finalidade de legitimar o que não é legítimo. Já vi assuntos profundos serem tratados com superficialidade em inúmeros fóruns de discussão. Já vi inúmeros blogs copiarem artigos de outros blogs e dá-los por certos e verdadeiros, apenas porque estavam nas primeiras fileiras nas páginas de pesquisa do Google. Pesquisar e estudar através destas fontes requer cuidado redobrado e olhos atentos, pois não podemos acreditar em alguma informação apenas porque ela está escrita em um site.

 

Diante destas considerações, continuo na minha decisão de usar a internet assinando meu próprio nome embaixo, mesmo que isso me traga uma certa dor de cabeça. Quando a gente opta pelo Yoga, opta integralmente. Não consigo deixar de praticar seus princípios em todas as esferas de minhas vida. Não saberia me ocultar atrás de um avatar ou de user falso.

 

O curioso disso tudo é que, antes do yoga, eu trabalhava com publicidade e marketing - que é a arte da sedução suprema. Continuo gostando de publicidade e de marketing, mas encaro sua função de uma maneira completamente diferente hoje. Acredito que é possível, sim, fazer marketing do bem, investir verba publicitária colocando na cadeia produtiva o conceito do ganha-ganha. Acredito que possamos fazer marketing sem mentir. Nas minhas relações profissionais com meus fornecedores, procuro ser sempre transparente. Isso não nos isenta de algum stress com demora em prazos, briefings incompletos, mudanças de rumo, etc. Também não isenta que erremos. Erramos. Todo mundo erra. Como diz aquele ditado, "errar é umano".

 

Mas procuro colocar Satya nas minhas relações profissionais e na maneira como inserimos nossa publicidade no mercado. Então, no que depender de mim, você sempre saberá se fui eu mesma que comentei seu post ou visualizei seu perfil.

 

Tenho gostado muito de participar das discussões da Sociedade Vegetariana Brasileira - Grupo Curyi, de Curitiba. Eles têm me ensinado sobre engajar-se. Meu engajamento é este: enquanto se proliferam os users, ID, emails e tudo o mais na internet, vamos refletir sobre a idéia de que já difícil por si só sermos verdadeiros conosco mesmo; portanto, ficar nos ocultando para os outros é um empecilho a mais para se gerenciar no meio de nosso caminho rumo à liberdade de sermos quem somos e de nos aceitarmos assim.

Namastê.

 

Mayra C. Castro

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Amizade tem força.

Tenho adotado este lema em minha vida: amizade tem força. E gosto tanto dele que cavei um jeitinho de torná-lo público, com a anuência de meus amigos-parceiros-de-trabalho-e-de-vida, na home de nosso site. Criamos uma área no site onde qualquer amigo ou conhecido pode divulgar seus cursos, seus eventos, seus currículos, tudo para criarmos um grande painel de pessoas que se interessam pelas mesmas coisas disponibilizando estas coisas a pessoas que se interessam por elas.

Amizade tem força.

Recentemente uma amiga me falou sobre o conceito de comércio justo. Já são quase 800 pessoas se reunindo, todo santo mês, na casa de uma amigona, para vender seus produtos a amigos, a amigos de amigos e entre si. A moeda circulante é o real. Quem tem pra pagar, paga; mas quem só tem pra trocar, troca - não deixa de levar. Desta idéia, reunimos amigos para um bazar. E vamos fazer mais vezes.

Amizade tem força.

Recentemente, uma amiga, que também é professora de yoga, deixou o cartaz de um evento nosso no espaço onde ela dá aula, para os alunos dela conhecerem a gente. Você já vi alguma operadora de celular deixar que outra coloque um aparelho dela em sua própria loja? E a gente pegou folders dela e colocou na prateleira junto com os nossos. Veio gente de lá pra cá e vai gente daqui pra lá. E sempre tem mais gente.

Amizade tem força.

Recentemente, um amigo muito das antigas, muito mesmo, daqueles que cresceram junto, lembrou da gente e resgatou do nada todas as lembranças boas do passado para dar o pontapé em um projeto futuro. Ele nos ensina sobre o que sabe e nós ensinamos sobre o que sabemos. No meio tempo, lembramos, junto, que sabíamos quase nada quando tínhamos 16 anos de idade. E, quer saber? A gente nunca chega a saber de fato, mas agora estamos juntos de novo e é mais gostoso não saber junto que sozinho.

Amizade tem força.

Recentemente, um amigo me ligou. As circunstâncias o tinham afastado de nosso convívio. Mas a amizade tem força e conversamos como se nunca tivéssemos nos separado. E, na verdade, não tínhamos mesmo, porque quando um amigo entra no seu coração, basta uma boa lembrança para demover qualquer ranço de má lembrança.

Amizade tem força.

Recentemente, pisei na bola com um amigo. Ele achou que também tinha pisado. Passadas as desculpas, voltamos a encher um a bola do outro e agora vamos tocando bola pra frente, desejando que cada um seja a bola da vez e tenha sucesso. 

A amizade dá força.

Eu tenho amigos, que sorte a minha de tê-los. Tenho amigos de aventuras e desventuras. Tenho amigos que vejo sempre e outros que nunca mais vi. Tenho amigos que ainda não conheço. Tenho amigos que não poderei mais conhecer. Para onde eu olho, vejo apenas a possibilidade da amizade. Que bom que ela existe.

Ser amigo é aquilo que mais pode me dar força. Ser amigo significa ceder, ter compaixão, entender, compreender, aceitar, dividir, brigar também e se desculpar. Amizade tem força porque nos torna pessoas mais cordatas, tolerantes, pacientes, gentis, honestas, amorosas.

Eu não quero um melhor amigo, quero um "melhorar" com todos os meus amigos, sempre.

Que a gente consiga melhorar o que está indo de mau a pior através da amizade.

Amizade é força.

Namastê.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Ô, terráqueo, apenas não os comer, não é suficiente.

Dias desses, com uma amiga amantíssima, discutíamos sobre direitos dos animais e, porque eu não tenho um bichinho de estimação em casa, ela me disse que, afinal, eu não era uma protetora deles. Minha reação imediata foi lhe dizer:

- Epa, péra aí, é claro que sou protetora, eu não os como!

Minha amiga riu e encontrou então um novo termo para definir gente que nem eu, que é vegetariana, mas não se engaja de outra forma na luta em prol dos animais.

Ainda fiquei matutando sobre esta nossa conversa e pensando o que eu poderia dizer dos zilhões de pessoas que têm animais de estimação em casa e comem carne... Bem, deixa pra lá. Deletei o assunto e fui fazer minhas coisas do dia-a-dia.

Na vida, não existem coincidências, apenas sincronias. Da única leitura que fiz de Paulo Coelho em minha vida, gravou-se em minha memória esta frase, que resume o tão alardeado Segredo: "Quando você quer, o universo conspira."

Embora eu tenha deletado aquela conversa sobre proteção dos direitos dos animais, certamente o universo a captou - e como eu não a concluí, o danado deu um jeito de me fazer tropeçar com ela de novo. O ditado é que "quando você precisa, o karma conspira."

A conspiração veio de um encontro, desta vez com outra amiga, uma nutricionista vegana com quem eu estava fechando parcerias para meu estúdio de yoga. Por estas razões de internet e Orkut, eu conversava com ela, ao vivo e pela primeira vez, como se fosse uma velha conhecida e ela me falava das formas de vegetarianismo que não pratico, como o veganismo, o crudivorismo e a alimentação viva. Eu a ouvia e era como se estivesse ouvindo falar pela primeira vez de um universo paralelo, eu que já me sentia tão à margem do comum por não comer carne...

Esta nutricionista realiza um trabalho voluntário na seção Curitiba da Sociedade Vegetariana Brasileira. Resolvi fuçar mais a fundo este assunto e me inscrevi no Yahoo-Group da SVB-Curitiba. Aí, choveu email, choveram conspirações. Para minha surpresa, ninguém na lista falava sobre a alimentação vegetariana em si, mas falava sobre proibição de aluguel de cãos de guarda, arrecadação de ração para abrigo de cães e gatos, sobre co-habitação de chupins em ninhos de joões-de-barros e, enfim, sobre o link do filme Terráqueos.

Eu já tinha ouvido falar sobre este filme, sobretudo que é forte, mas não tinha ainda me aventurado a assisti-lo porque tenho o estômago fraco e não consigo sequer ver Silêncio dos Inocentes inteiro. Mas guardei o link na minha caixa de email, porque sempre pinta um aluno ou outro querendo referências sobre vegetarianismo e este é um filme tão comentado que certamente poderia indicá-lo.

Vê como são as coisas? Deixei de novo o assunto pra lá, o tal do direito dos animais...

Mas o universo é incansável e me fez tropeçar nele de novo. Escute só:

No dia seguinte, aquela mesma amiga minha, a amantíssima, me enviou um link pra um destes abaixo-assinados eletrônicos apoiando uma lei que visava proibir, em Curitiba, o aluguel de cães de guarda. Como eu nunca tinha parado para refletir sobre o assunto, candidamente fiz minha lição de casa e perguntei a ela - defensora da lei - por quê sim?

Ah, foi o que bastou. Ela me listou uma penca de situações pelas quais os cães de aluguel passam. Nem tinha terminado de ler todas e resolvi que à noite eu assistiria ao Terráqueos.

Era domingo à tarde, meus meninos brincavam com o pai na sala de TV. Eu enfiei os fones de ouvido, liguei o micro e comecei a ver o filme. Não sei quanto tempo levou, mas pareceu infindável a sucessão de crueldades que a humaninade impinge aos animais - pelo que dependemos deles para alimentação, companhia, vestuário, entretenimento e pesquisa científica.

Fechei os olhos para algumas cenas, mas me forcei a ver todas as gargantas cortadas, de todas as vacas, e de todos os frangos - para nunca mais esquecê-las. Vi cada choque tomado por um bichinho preso em gaiola, cada mordida que os porcos infligiam uns aos outros canibalizando-se, vi cada espancamento em elefantes de circo e também assisti, para minha comoção maior, o esquema da produção do couro naquela que deveria ser a nação Gopala, a Índia, berço do yoga, que é, segundo o filme, a maior fornecedora de couro do mundo. Estarrecedor.

Por isso o tom sério deste post. Não há como ser indiferente aos direitos dos animais depois de assistir aos Terráqueos. Ou há, até que a Terra peça sua conta. A Terra não conspira - não, pelo menos, da maneira como conspiramos nós. A Terra apenas reage.

Assista ao filme. Proteja os animais. Tente comer menos carne. Não coma nenhuma. Torne-se vegetariano. Ou, pelo menos, aproxime-de de algum que conheça e olhe para suas razões sem preconceitos. Grandes gênios da atualidade e de outros tempos foram / são vegetarianos. Não deve ter sido à toa. Afinal, por que um gênio - se é tão inteligente - colocaria em risco sua saúde, afetando assim sua genialidade - deixando de comer carne?!

A segunda amiga desta história, a nutricionista, definiu muito bem o alarmante apelo de Terráqueos:

"Em algum momento de seu desenvolvimento, o homo sapiens pode ter tido um salto por começar a ingerir mais proteína vinda da carne. Mas agora, para a sua sobrevivência no planeta Terra, comê-la é que o coloca em risco de extinção."

Obrigada, Alê e Natália, por terem conspirado junto com o universo por mais esta tomada de consciência. Um abraço querido às duas.

Mayra C. Castro

VEJA O FILME TERRÁQUEOS.

Veja a ficha do filme no IMDb.

terraqueos

sábado, 19 de janeiro de 2008

E vamos de MySpace, Orkut, YouTube, Del.icio.us...

Olá, namastê!

Por conta de uma série de circunstâncias, passei os últimos 8 anos praticamente afastada da web porque, se a gente só usa internet pra enviar email e pesquisar telefone na lista online, então é um "desplugado".

Mas aí, por conta dos "ossos do ofício", caí na rede de novo, principalmente para criar o site de nossa cooperativa de estúdio de yoga no Paraná, o Navrattna Yoga.

Há 8 anos atrás, eu trabalhava com marketing numa empresa de telecom e era minha responsabilidade implementar novas tecnologias, como - pasmem! - SMS e WAP, que são carne de vaca na atualidade. A Web 2.0 sequer tinha sido traçada, embora já falássemos em XML. Na área de TI, que era meu segundo lar, eu brigava para que o site de nossa operadora de celular tivesse uma home com no máximo 20k (cômico!) e que não tivesse frames. Meu lema era usabilidade e meu ídolo era o Jakob Nielsen.

Aí, chegamos em dezembro de 2007 e, novamente na responsabilidade de criar um site do zero, virei para nossa agência de web, a Ponto.Com - parceira minha durante meu tempo em telecom - e soltei a seguinte pérola para o pessoal da criação:

"- Olha aí, nada de frame no site, hein?"

No dia seguinte, o dono da agência, com quem tenho uma amizade que vai além do business, disse que eu fui motivo de chacota entre a molecada do design e programação:

"- A Mayra tá falando em frame! Hahaha. Mas o nosso site é todo tableless."

Minha vaidade foi feriada neste momento. Então eu, que tinha passado metade de uma década criando meu filhos pequenos, sendo mãe, esposa, dona-de-casa; que tinha transformado minha vida pelo ideal de praticar e transmitir o yoga; que tinha saído da roda louca do workacoholismo, estava agora virando motivo de piada? Eu era, então, totalmente por fora e sem noção?

Aceitei a realidade: na web, o tempo corre como idade de cachorro, um ano vale por cinco. Eu estava há 40 anos fora da aldeia global. E, neste tempo, a web virou 2.0, o marketing estava sendo feito em redes sociais, os conteúdos começaram a ser distribuídos por licenças creative commons, o design chegou em camadas e colaborar já é antigo - novo é a portabilidade dos conteúdos colaborativos.

Para colocar nosso site na web, tive que me atualizar e foi quase demandatório criar meu perfil no My Space, Orkut, ter uma página personalizada no YouTube, Flick, postar nossos links do Del.icio.us e vez por outra dar pitada no Twitter.

Eu, que tinha a Barsa em casa e aprendi a escrever em máquina, tive que me atualizar para usar a Wiki e aprender a postar em blogs. Agora, todo dia aprendo mais e mais. E está sendo uma descoberta ótima.

Diante deste cenário, é assombroso a ancestralidade e, paradoxalmente, a atualidade do Yoga... Quando, na web, 8 anos mudam tudo, o Yoga continua há milênios sendo a mesma técnica para ampliar a consciência, alcançar saúde, desenvolver a espiritualidade. Continua acessível a qualquer pessoa, em qualquer canto do planeta e sempre dá os mesmos resultados se você se aplicar nele.

Entra ano e sai ano, entra um modismo e sai outro, o Yoga permanece como uma semântica real, sendo usada, distribuída, compreendida e acessada por praticantes que usam linguagens tão diferentes quanto seus DNAs.

No futuro, quando a Web 3.0 virar realidade, que eu volte a ser chamada de dinossauro, porque o Yoga sempre me manterá atualizada - atualizada com a minha felicidade.

Um abraço fraterno, Mayra C. Castro.

 

Este é um post originalmente inserido no meu perfil MySpace. Clique para ver o original.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Uni-du-ni-tê, este é o yoga pra você.

Neste final de semana, fazendo minhas leituras usuais na internet, bati os olhos no texto de um conterrâneo e também professor de yoga, Vitor Caruso Jr. Seu texto, Se Você Conhece um Mestre ou Professor de Yoga, CUIDADO!!!, dá 11 dicas para se certificar de fazer uma boa escolha do local onde estará praticando. Gostaria de tê-lo lido anos atrás...

O principal alerta deste texto parte da premissa de que yoga é yoga legítimo enquanto respeita os princípios dos Yoga Sutras, escritos por Patanjali, mestre que teria vivido entre os séculos II-III a.C, na Índia. Os Yoga Sutras codificaram toda a tradição do yoga presente até aquela época, definindo suas bases de maneira tão justa e perfeita que se tornaram a referência principal para qualquer modalidade de yoga praticada desde então e inclusive na atualidade.

Todos que já se aventuraram pelos Yoga Sutras sabem que sua base é a conversão para um caráter ético e reto, que siga os Yamas e Niyamas, códigos comportamentais. E sabem também que o pináculo do yoga é alcançado quando se dominam as ondas mentais ao ponto de suprimi-las, sem o quê o espírito não pode se fundir à energia cósmica. Ou seja, o yoga começa no comportamento e termina na mente. Este é o caminho rumo à realização espiritual. O domínio do corpo, da respiração, das funções orgânicas, etc são apenas vias de acesso ao domínio do psicológico; e o psicológico deve ser dominado apenas para que o espiritual possa se exprimir em sua totalidade

É por conta deste enfoque, da aceitação dos Yoga Sutras, que Vitor Caruso diz para desconfiarmos do yoga que se diz mera prática de relaxamento, já que yoga é "prática para evolução pessoal". É pelo mesmo motivo que o estudioso Georg Feuerstein diz que o yoga é uma "tecnologia espiritual" em vez de uma tecnologia de relaxamento, ou de alongamento, ou de aperfeiçoamento físico.

Ambos os alertas são coerentes, valiosos e fundamentais. Tornam-se ainda mais fundamentais se você já passou por experiências não tão boas sendo instruído por algum professor.

Entretanto, vem aquela pessoa pedir informações sobre suas aulas de yoga. Ela toca a campainha, entra, você oferece um chá e lhe pergunta o que a traz até o yoga. E esta pessoa responde:

- Eu tô muito estressado, tenho me irritado fácil. Além disso, meu médico me mandou fazer yoga porque eu preciso de alongamento e preciso melhorar minha respiração.

O que você lhe responde? Esta pessoa lhe apresenta sintomas, ela não lhe apresenta causas que queira investigar. Ela lhe apresenta respostas comportamentais e não uma personalidade que queira mudar. O que você vai lhe responder? Que dê meia-volta e vá buscar um pilates para se alongar? uma fisioterapia respiratória? umas férias? uns ansiolíticos? Claro que não. E tampouco você poderá dizer "o yoga só vai lhe ajudar se você quiser aperfeiçoar seu ser, senão, o yoga não é a resposta para suas queixas".

Você lhe dirá que o yoga vai, sim, melhorar tudo isto que ela precisa; que ela vai, sim, relaxar, respirar melhor e alongar-se.

O problema do yoga ser visto, hoje, apenas como uma atividade física (quiçá psíquica) e não como uma atividade espiritual não está nos professores que não aplicam os Yoga Sutras, está, de um modo geral, na humanidade que deixou de buscar as causas e as origens para se satisfazer apenas com os efeitos.

A Adidas diz hoje "play yoga" em sua propaganda, como se yoga fosse um esporte tal qual correr ou nadar. Ninguém nem a Adidas está desvirtuando ou se aproveitando do yoga, a humanidade é que está desvirtuada e só quer saber de aproveitar.

(Assista ao video da propaganda abaixo ou leia o comentário do video com link para making-off)


A maior parte das pessoas não têm paciência para combater uma doença transformando um comportamento - toma-se remédio, que é imediato. Ninguém tem paciência de rever hábitos alimentares para adoecer menos - ingerem-se alimentos funcionais (o cúmulo, para mim, é a Coca-Cola vitaminada, a Diet Coke Plus, vendida pela empresa como healthy beverage, bebida saudável). Ninguém tem paciência para nada.

O fato do Ocidente não acreditar em reencarnação muda a perspectiva de tudo: desde o quanto de paciência se tem até de como o yoga é encarado. Mesmo que eu viver 100 anos, o que são 100 anos se não houver nada depois? Passa num minuto! Qual é a razão de mudar meu comportamento, de me cuidar, se a medicina me dará mais 10, 20 anos mantendo o meu mesmo estilo de vida? Nenhuma, não há por que mudar.

Particularmente, não vejo problema naquele que "vende" yoga apenas como relaxamento, porque a prática serve para isso também. Não critico aquele que vem praticar apenas porque quer relaxar e não está interessado no espiritual. Pelo contrário, acho que a ancestralidade do yoga se deve à sua ampla tolerância e versatilidade quanto a usos e costumes, a credos e a incrédulos.

Tampouco posso fazer algo, além de lamentar, contra aqueles que usam o yoga para tirar proveito das pessoas. Prefiro a perspectiva do karma, que nos ensina que temos apenas aquilo que merecemos. Prefiro esta perspectiva para mim. E para o outro lado, o daquele que se aproveita, também prefiro a perspectiva do karma: você recebe de volta aquilo que planta. E se não for nesta vida, agüente que será numa próxima.

Se eu fosse lhe dar uma dica para acertar na busca de um professor de yoga, eu diria: estude a lei do karma. Daí, abra o Google ou a lista telefônica e busque os endereços. Tire o máximo de informações que puder sobre o professor. Então, escolha. Sensatamente. Ou não tire nenhuma informação, faça o uni-du-ni-tê e se matricule. De uma maneira ou outra você vai praticar onde deveria estar praticando, para o bem ou para o mal.

Abraços, Mayra.

PS: Leia outro post meu sobre o comercial da Adidas, sobre o uso de to play or to do yoga e mais um trecho de artigo do estudioso Georg Feuerstein sobre a ocidentalização do hatha yoga.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Humanos, mas não super

Coisa interessante: certa vez, em Londrina, um de nossos alunos nos perguntou se usávamos jeans.

Anos mais tarde, aqui em Curitiba, outro nos perguntou se ficávamos gripados.

Também me lembro de terem nos perguntado se freqüentávamos cinema.

Diantes destas perguntas, eu ri, porque me lembrei daquelas que eu fazia quando criança: mãe, o Papa faz cocô? Mãe, a Xuxa faz xixi?

Não sei como eu, instrutora de yoga, passei esta imagem de que o prosaico da vida não me pertence...

Quando a gente vai em médico, nunca acha que médico adoece. Quando a gente vai a restaurante, nunca imagina que o chef come fast-food. Quando a gente vai em massagista, nunca acha que ele tem dores nas costas. Lêdo engano. Eu já mencionei há um post atrás aquele "mardito" dito popular que "em casa de ferreiro, espeto é de pau". Pois é...

O yoga é ma-ra-vi-lho-so. Depois que comecei a praticá-lo e adotá-lo em minha vida, continuei fazendo tudo que fazia antes, usando calça jeans, pegando gripe e indo ao cinema. Fazendo cocô e xixi também. Continuei humana tal e qual. Nenhum super-poder me foi acrescentado.

Acho que o yoga muda nossa condição, porém, mais nítida e rapidamente, muda é a nossa percepção. O que acho que mudou depois do yoga é a consciência de optar por fazer isso ou aquilo e de assumir as conseqüências da opção pior. Penso que a mudança, com o yoga, não atinge tanto aquilo que fazemos quanto o como fazemos aquilo.

Como nos alimentamos. Eu me tornei vegetariana, cuido muito mais da alimentação, cozinho minha própria comida e da minha família. Mas continuo comendo pizza vez por outra. A diferença é que, agora, seleciono a pizzaria com critérios diferentes e sempre peço pouco queijo.

Parece-me que, com o yoga e o vegetarianismo, fiquei mais sensível a certos tipos de alimentos e a como são preparados, tolerando-os bem menos que antes. Por conta disso, agora sei diferenciar quando o desejo de comer pizza é carência nutricional (nunca é) ou carência emocional, pelo que o ritual da pizza representa, com os amigos em volta, ou com a família em momento de descontração. Sabendo disso, posso optar por pedir uma pizza pronta ou posso eu mesma preparar a minha, usando farinha integral, colocando belos legumes por cima, com molho de tomate fresco e orgânico, usando nada ou só um pouquinho de queijo. Viu?

Como você se veste. Continuo usando calça jeans, mas incluí todo o arco-íris no meu guarda-roupa que, antes, habituado a hábitos de escritório, era basicamente P&B (preto&branco). Como o yoga me tornou mais auto-confiante e mais em paz com meu próprio corpo, hoje uso coisas que na adolescência não usava de jeito nenhum, como calças de algodão. E se descarto mais vezes o jeans, é porque fico feliz de usar aquelas de algodão que não usava antes.

Como você se diverte. Tirante o fato de que nunca gostei de baladas, ambiente com fumaça de cigarro, bebida alcóolica e música alta, continuo me divertindo igual que antes. Não foi o yoga que me excluiu da cena social, foram as atribuições de mãe com filhos pequenos. (Mas agora estou voltando ao cinema, feliz da vida de assistir desenho animado com o meu mais velho. E a vantagem de não ter ido ao cinema durante meses a fio é que a gente chega na locadora e todas as prateleiras nos parecem de lançamentos.)

Como você fica doente. Ah, nunca mais ficar doente. Esta foi a nobre motivação que tive quando busquei o yoga pela primeiríssima vez. Não dá pra dizer que minha saúde tenha melhorado, porque sou jovem, mas eu era daquelas que tinham medo de doença. Só que travalhava 10-12 horas por dia, final de semana inclusive. Workaholic total. Só stress. Com certeza, se eu não começasse a fazer yoga naquele momento, ficaria ruim mesmo.

Mas hoje, quando pego um resfriado, ele é mais rápido ou mais leve. E quando é mais forte, que vez em quando acontece, tem causa e motivo, tem tese-antitese-síntese, tem resposta, réplica e tréplica.

Acho que adoecer, depois do yoga, tornou-se um exercício de auto-conhecimento. Por que estas dores nas costas? Por que esta pressão alta? Por que esta dor de cabeça? Por que este torcicolo? E também acho, meu marido psicólogo idem, que quando a gente se aventura na senda do auto-conhecimento, até tem mais piripaque que os outros, porque mexer com os tais conteúdos internos inconscientes é campo-minado pra somatização.

Instrutor de yoga é ser humano. Iluminados, completamente iluminados, não conheço nenhum, só de literatura, e não saberia dizer se estes são super no sentido super-heróico do termo. Mas provavelmente são supers em todos os outros sentidos prosaicos da vida. Super-gentis, super-amorosos, super-verdadeiros, super-íntegros, super-generosos e por aí a fora. Sacou?

A gente se vê num cinema. Namaste. Mayra

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Jejum de Shopping Center

Olá!

No blog de meu estúdio - o Navrattna Yoga do Juvevê - escrevi que depois dos excessos de final de ano é recomendado fazer algum tipo de faxina no corpo, para purificar o organismo dos excessos das festas de Natal e Réveillon.

Mas nesse post falei apenas de comida. Comer demais ou comer errado é o excesso mais óbvio - infelizmente - que cometemos no final do ano. Fazemos isso até sem querer, porque a gente deixa de comer em casa. Daí, já viu: acaba ingerindo gordura que não quer, sal demais, açúcar nem se fala.

Acho que estes tipos de resvalos alimentares são previsíveis e podem ser administrados fazendo-se dietas e ações purificatórias antes e depois das festas de dezembro. Comida, a gente administra.

Mas tem um tipo de excesso que é duro de se livrar, que é o de shopping center.

Eu prometi que não iria a shopping nenhum durante dezembro. Como manipulo cosméticos artesanais com óleos essenciais, decidi que a família toda iria ganhar meus produtos e resolvi a lista de presentes numa única madrugada manipulando umas trintas fórmulas. (Post scriptum: deu certo: todo mundo curtiu, saiu todo mundo cheiroso, feliz e contente de ter recebido um presentinho feito à mão.)

Mas o azar me pegou e eu lembrei que tinha que ir ao shopping antes do Natal pra pagar uma conta na Renner, que nos cobra a mais se quisermos pagar via boleto bancário. Tempo de espera pra pagar o carnezinho: meia-horinha.

Paguei a conta e jurei de novo que não iria mais a shopping nenhum.

Santa ingenuidade: lá estávamos eu e meu marido no dia 26 trocando os brinquedos repetidos que meus filhos ganharam (acredite, é possível ganhar brinquedo repetido!) e as havaianas pequenas que ele ganhou. Não sei o que é pior: fila pra comprar presente ou fila pra trocar.

Por tudo isso, resolvi que quero jejum de shopping. Pelo menos uns dois meses.

Mas olha só o que me aconteceu hoje: viajamos seis horas de São José dos Campos a Curitiba (Régis Bittencuourt, em péssimo estado, toda esburacada) e chegamos aqui na hora do almoço.

Almoçamos num restaurante de rua e ficamos encalorados. (Nada que se compare ao calor no interior de São Paulo. Curitiba é um oásis em meio ao efeito-estufa.) Lembramos que os shoppings são climatizados, com aquele ar-condicionado terapêutico, hum... Zarpamos pro shopping Barigüi.

Esperávamos o caos já no estacionamento. Mas... doçura de janeiro: o shopping estava vazio, vazio, fresquinho, fresquinho...

Então, cheguei à seguinte conclusão: como a gente corre pro shopping porque tá calor, corre porque tá frio, corre porque precisa ou corre porque gosta, o melhor jejum de shopping não é ficar sem ir, mas ir quando ele está assim, ainda de olhos inchados e sem voz depois da ressaca das festas. Todo mundo caminhando devagar, acordando pro novo ano.

Shopping no dia 2 de janeiro é que nem praia às 6 da manhã: só tem você e o mar.

Abraços, Mayra

Nem só de meditação vive um instrutor de yoga

Blog-desabafo. Blog-válvula-de-escape. Blog-deixa-eu-sumir. Blog-em-off, que a vida de instrutor de yoga não é só feita de meditação, zen e paz, não!

Voltei de minhas férias (merecidas, ufa!) e coloquei em prática a ideiazinha deste blog. Bloguezinho que nasceu num momento stress-total:

Estava eu, lá no dia 20 de dezembro, num momento pré-Natal e pré-férias, ajustando os finalmentes para colocar outro blog no ar - desta vez um oficial, do meu estúdio de yoga em Curitiba.

Eu digitava posts de última hora, em pé no micro, porque sentada não dava: além de digitar, vigiava as panelas do almoço de minha família, arrumava as malas da viagem que empreenderíamos dali 5 horas, atendia ao telefone um fornecedor atrasado e acudia meu filho que tinha batido a cabeça na mesa.

Juro, era tudo isso mesmo e ao mesmo tempo. Nada zen. E não que tenha sido falta de planejamento; é que as coisas embolaram na última hora neste carrilhão que foi o ano de 2007.

Justo neste momento nada zen, quando eu estava prestes a perder de vez meu rebolado, dois pensamentos vieram à minha mente:

Primeiro, aquele "mardito" dito popular que "em casa de ferreiro, espeto é de pau"; e, segundo, mais erudito, que em Kali Yuga nada é fácil, nem se dedicar ao yoga, e que seria bem mais tranqüilo se me enfiasse numa caverna para meditar.

(OBS: Kali Yuga é como a tradição hindu define os tempos atuais, uma era de ambição, inverdades, violência e inconsciência.)

Estes dois pensamentos juntaram-se num alento: resolvi que, voltando das férias, montaria um blog só pra rir das minhas patinadas nesta senda do yoga. Pra dar conta da vida, só rindo dela. Daí surgiu este blog, meu lado B, em off, totalmente por trás das câmeras.

É um curtição escrever. Escrever foi a primeira vocação-paixão da minha vida. Agora, com o site do Navrattna Yoga, com o blog do meu estúdio, e com este Diário em Off, junto aquela à segunda, que é minha família, e mais à terceira, que é o yoga.

Espero rir. Só consigo exercitar meu bom-humor escrevendo, já que sou dada a calundus.

Espero que ria junto e curta comigo. Rir deixa a alma leve. Escrever alivia meu mental. E com o mental leve, consigo praticar, sentar e respirar melhor.

Yoga é Chitta Vritti Nirodha, disse Patanjali nesta língua linda do sânscrito: yoga é quando você pára as ondas mentais e tudo flui.

Abraços. Mayra.