quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Brasil, um país de marketeiros. Ou não.

Discordo veementemente que, no Brasil, todo mundo seja técnico de futebol. Isso pela simples evidência de que metade desta população não dá a mínima para zonas de rebaixamento, se o time jogou com garra, com coração ou com cartolas.

Você até pode argumentar que são milhares as mulheres que gostam de futebol – minha metade não é perfeita, eu sei. Mas a metade masculina também não é, pois sabemos que está cheio de homem que não liga para futebol. Noves fora, continuo com razão de que no Brasil não somos todos técnicos de futebol.

No lugar, creio que todo brasileiro é marketeiro. Marketing tem muito a ver com a nossa índole. Na real, marketear está em nossa genética.

Veja bem; não foram os portugueses quem primeiro venderam uma terra povoada por mihões de autóctones como sendo “descoberta” por Cabral? E que gênio criativo não seria Pero Vaz para valorizar a descoberta escrevendo aos seus clientes que “em se plantando tudo dá”?

Outra prova inconteste de nossa genética marketeira está na independência do Brasil. Nossos antepassados entendiam tanto da profissão que fico até emocionada. Diante da hesitação de D. Pedro I em proclamar a independência, eles vieram com imagens sedutoras: “Lá, você é um mero regente; aqui, o Imperador.” Até eu cairia nessa.

Há tantos cases semelhantes neste país!

A gente faz muito marketing – ou barulho de tambor, como querem aqueles que ironizam nosso dom. Não fico chateada de forma alguma com eles: há muito marketing de superfície por aí. Aquele tipo de marketing que, quando revelado, mostra um produto ralo, raso, insípido e pobrinho.

Marketing mesmo precisa ter pesquisa de mercado, benchmarking, business plan, planejamento de mídia, pesquisas de satisfação e pós-vendas. Se não tiver nada disso, vira mesmo barulho de tambor – uma pena.

Olhando por este ponto de vista, já começo ficar triste.

Pesquisa de mercado, brasileiro não faz: há pelo menos três países por aí que poderiam competir conosco ao título de “país do futuro”.

Benchmarking também não faz: fui ao cinema neste feriado e me lembrei que Dilma não foi a primeira mulher na posição mais poderosa num país.

Business plan nunca fez. Sobre este item, não preciso tecer comentários.

Planejamento de mídia; bem, isto brasileiro faz? Respondo: não faz. Até pode dar a impressão de fazer, mas não faz. Para fazer propaganda de si, não há país que não tenha sido visitado, não há verba que não tenha sido estourada. A opção “todas as mídias com não importa que dinheiro” não é planejamento de mídia.

Pesquisas de satisfação brasileiro até faz, mas não leva a sério. A Ficha Limpa demorou a cair, a Belo Monte continua feia.

Finalmente, pós-vendas é que não faz é mesmo! Ou você sabe a quem reclamar?

Pois é, fiquei deprimida. Minha tese desmoronou: não somos marketeiros. Somos, no máximo, batuqueiros.

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